sábado, 10 de janeiro de 2015

Compreender o quadro sem julgamentos morais

É comum ouvir comentários sobre os usuários de drogas que estes são pessoas sem caráter por fazerem de determinada substância, e que sua dificuldade para largar o vício é devido à falta de força de vontade, também são comuns os comentários que explicam os problemas pelos quais passam por estarem possuídos por demônios ou qualquer outro tipo de força oculta.
Para lidar com uso de drogas é preciso compreender que a dependência é algo que excede considerações morais como as descritas acima, portanto é preciso a compreensão do quadro psicopatológico e suas graduações quanto a gravidade. Observar os padrões de uso, o abuso e a dependência de drogas e entender como se relacionam.
O uso de drogas é compreendido como autoadministração de qualquer substancia psicoativa e em qualquer quantidade, nota-se que é valido tanto para drogas ilícitas como também para as lícitas.
O abuso de drogas é entendido como uma forma de uso que aumenta o risco de consequências danosas ao sujeito, sejam elas mentais, físicas ou sociais.
Por fim a dependência, segundo o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) para que seja caracterizada a dependência é preciso que três ou mais itens estejam presentes por pelo menos um mês, caso ocorram em períodos menores devem ocorrer repetidamente por um período de doze meses.
1-Compulsão ou forte desejo de consumir a substancia.
2-Comprometimento da capacidade de controlar o início e término do uso, além da quantidade da substancia.
3-Estado de abstinência provocado pela diminuição ou interrupção do uso da substância, neste estado o sujeito pode voltar a utilizar a substancia ou fazer uso de substancia similar para aliviar os sintomas.
4-Tolerância, o sujeito necessita de quantidades cada vez maiores para conseguir efeito desejado.
5-Preocupação com o uso, as atividades antes prazerosas para o sujeito são canceladas ou reduzidas pelo fato deste despender cada vez mais seu tempo na busca e no uso substancias psicoativas.

6-Uso persistente, o sujeito mesmo consciente dos danos causados pelo uso continuado da substancia continua a faze-lo.